RACISMO SOB A LUZ DO ESPIRITISMO
É difícil falar de Racismo sem falar no Processo da Escravatura, no entanto, me esforçarei ao foco do tema sugerido.
O Racismo não é um escrito espiritual, ele é filosófico e histórico, você encontra logo na primeira página de O Livro dos Espíritos uma “fala” sobre evolução humana alertando sobre a necessidade da maturidade mental e espiritual do Homem – SER HUMANO.
Quando as pessoas querem um álibi para justificar o seu racismo, agressão e depreciação pelo Negro, Preto, Negra, Preta, novamente, podem encontrar nessa mesma obra kardequiana, a clara advertência sobre a importância da essência do ser humano: seu espírito, e não sua condição corpórea.
Dessa forma, é possível ao espírita compreender que o corpo material é simples morada do seu espírito, percebendo, portanto, que não há espaço para desigualdade aos olhos de DEUS.
Certamente que o racismo não é justificado sob a luz do Espiritismo, mas sim, explicado como uma mera diferença corporal, tal como a altura, estrutura corporal e até o desenvolvimento intelectual, pois estás diferenças estão intimamente ligadas com habitação territorial e as adversidades lá encontradas.
Ainda considerando a distribuição pelo planeta Terra, tais diferenças são necessárias ao ser humano como forma de adaptação ao seu ambiente, não desclassificando nenhuma etnia, uma vez que todos os seres humanos pertencem à mesma raça (palavra, atualmente, não mais usada no mundo sócio científico), a Humana.
O espiritismo declara saber que todos nós pertencemos a uma única família e precedemos de um só tronco, fazendo-nos pensar em nossa espiritualidade, na origem da nossa evolução e padrão espiritual, quando nos cobra reflexão com a frase:
“Quereis sempre tomar as palavras ao pé da letra.”
Quantos questionamentos essa única frase nos leva!
Precisamos entender primeiro as palavras humano e Espírito, para depois tentar justificar o racismo.
O racismo fere o princípio de Igualdade que é Deus.
Por conta disso, é que afirmo que o racismo é um fenômeno humano, cultural histórico e de identificação pessoal com a problemática e perigosa ação racista.
Há um questionamento sobre uma escrita de Kardec, no livro Obras Póstumas – Teoria da Beleza, onde ele declara seu racismo ao comparar o negro com os gatos, afirmando: “O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas, não é belo em sentido absoluto, porque seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem exprimir as paixões violentas, mas não podem prestar-se a evidenciar os delicados matizes do sentimento, nem as modulações de um espírito fino.” (Disponível em https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/139.pdf>).
Tal frase mostra o pensamento social de Kardec, que como todos nós, havendo oportunidade mostramos nossas reais referências de valores humano e social.
Sem dúvidas, comparar o negro a um grupo de quadrúpedes, não é uma atitude espiritual não racista e/ou antirracismo.
Há pesquisadores que chamam essa declaração de fala infeliz e que já deveria ter sido tirada das edições mais recentes. Mas te pergunto: Quem nos garante que quem revise a obra, não comungue da mesma opinião? E mais. Quem tem autoridade moral para anular a fala e o sentimento de alguém?
Kardec escreveu consciente de que a escrita é um registro que atravessa séculos
A autora, Simone Ramos, é professora e entusiasta da causa.