O ESPIRITISMO E A CARIDADE
A Doutrina Espírita nasce com o compromisso de mostrar para a humanidade um caminho a seguir.
Pautado numa ética universal, com vistas ao bem comum e a evolução do ser, o Espiritismo busca provocar em seus adeptos e estudiosos um olhar cuidadoso, mais amplo e integrado entre as duas dimensões da vida: este plano material e o espiritual.
Ao demonstrar a coexistência dessas duas realidades e, sobretudo, evidenciar o prosseguimento da vida, decretando o fim da morte existencial, chama a atenção para a necessidade de cuidarmos melhor do que fazemos com nosso livre-arbítrio.
Nosso futuro depende das escolhas que faremos. Nosso passado é fonte de recursos de aprendizagem para guiar nossas novas escolhas. Nosso presente é o momento mais importante, é quando faremos as escolhas!
E é justamente no HOJE, que a Doutrina Espírita nos convida a escolher, como base na construção dos nossos valores, a CARIDADE.
Por definição, a caridade é o que nos conduz ao amor a Deus e ao semelhante. Segundo a concepção católica-cristã, ela faz parte das três virtudes teologais, juntamente com a fé e a esperança.
Já para o Espiritismo, a caridade é definida na questão 886, de O Livro dos Espíritos:
886 – Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
Resp.: Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
É possível perceber na resposta dada pelos Espíritos, um claro convite à tomada de atitudes alimentadas por um igualmente claro desejo de amar ao próximo, o que conduzirá, portanto, ao amor a Deus.
Logo, para a doutrina codificada por Kardec, a caridade é um meio de aprendermos e de, sobretudo, exercitarmos o amor ao semelhante! Trata-se do amor na prática!
Uma simples busca nas cinco principais obras da codificação ajuda-nos a compreender como se trata de um assunto importante para o Espiritismo. A Tabela abaixo ilustra essa constatação, ao comparar o número de vezes que a palavra “caridade” aparece ao longo das obras, comparada com a palavra “amor”.
Como se pode facilmente notar, Kardec grafou a palavra caridade muitas mais vezes que a palavra amor e, dado a importância desta última palavra, tal superioridade indica o como o Espiritismo se identifica e incita à sua prática!
Toda essa primazia em torno da caridade, como ferramenta para aprimoramento dos seres, pode ser sentido nesta passagem do capítulo XV do Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho.
(…)Não considera (Jesus), portanto, a caridade apenas como uma das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo”.
Pautado por esse pensamento, o mestre de Lyon não teve dúvidas em declarar como lema da Doutrina Espírita: “Fora da caridade não há salvação!”.
O convite, pois, meus caros, está sempre sendo renovado.
A cada dia nos deparamos com a possibilidade de usarmos nosso livre arbítrio no caminho da caridade, seja amparando materialmente ou confortando espiritualmente nossos companheiros de jornada, além de podermos, também, dar vida à máxima de Jesus: “Amar ao próximo como a ti mesmo”, exercendo a caridade consigo!