Estudo Doutrinário

O PAPEL DA LEI DE CAUSA E EFEITO

O PAPEL DA LEI DE CAUSA E EFEITO

Afinal, quem é o responsável por nossas dores e alegrias?

Quem escreve nosso destino?

A resposta para a primeira pergunta é simples: SOMOS NÓS!

A resposta para as outras perguntas é, também, simples: SOMOS NÓS!

Nossa vida é fruto de nossas escolhas: escolhemos nossos amigos, os preceitos éticos, a religião, o time de futebol, a roupa que usamos e tudo o mais.

Porém, para cada escolha feita uma consequência é gerada, e assim nossa vida é escrita, com o tom, as cores e o enredo que nós impomos a ela – escolhas boas, consequências boas, escolhas ruins, consequências idem!

Analisando essa relação cotidiana podemos encontrar na ciência, mais exatamente na Física de Newton, em sua 3ª lei da dinâmica do movimento, uma situação muito semelhante.

Newton postulou que:

A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.”

A 3ª Lei de Newton ficou conhecida como Lei de Ação e Reação. Vejamos alguns exemplos:

Tal lei aplica-se a todos os corpos físicos sendo, portanto, inerente às suas características e propriedades.

Contudo, da observação de seu enunciado e da forma como se manifesta na matéria, derivou-se um caminho filosófico de interpretação, desbravado inicialmente por um grande conhecido nosso, o Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou, se preferirem, Allan Kardec.

O mestre Lionês, indaga aos Espíritos que o assessoravam na construção da obra O Livro dos Espíritos, na questão 04, da Parte Primeira (Capítulo I), Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? Recebendo como resposta:

Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

Baseado nessa máxima surge a Lei de Causa e Efeito, uma lei adotada pelos espíritas para explicar uma série de circunstâncias comuns à nossa vida.

De acordo com essa Lei, o SUJEITO, movido por um ato voluntário ou involuntário, é autor da AÇÃO que terá como resultado, uma REAÇÃO observada.

Em outras palavras: toda ação tem uma causa (VONTADE) e gera um efeito (CONSEQUÊNCIA). Vejamos um esquema para exemplificar essas duas Leis:

Com base nessa premissa, fica fácil compreender as situações que desencadeamos (efeito), fruto de nossas escolhas (causa).

Assim, quando comemos demais (Causa), podemos ter dor de estômago (Efeito); ao não levarmos o guarda-chuva num dia nublado (Causa), podemos nos molhar numa eventual chuva (Efeito); ao sucumbirmos ao vício (Causa), podemos comprometer nossa saúde (Efeito), e por ai a fora..

É claro que a Lei de Causa e Efeito não está restrita apenas ao sujeito que realiza a ação, muitas vezes, outras pessoas acabam se envolvendo direta ou indiretamente em suas consequências.

Eu posso, por exemplo, gastar todo o dinheiro da minha família em jogos, com isso farei com o que meus familiares passem dificuldades; eu posso beber além da conta e insistir em guiar meu carro, com isso, posso causar acidentes que prejudicaram outras pessoas.

Ou seja, independentemente do raio de alcance, sempre observaremos a relação causa-efeito.

Importante, porém, é ressaltar que toda essa ilação não se encontra textualmente grafado em nenhuma obra da Codificação. Isso mesmo, não há menção direta à Lei de Causa e Efeito. Ela é gerada da interpretação do pensamento Kardequiano espalhado ao longo de suas obras.

Vejamos alguns trechos que a sustentam:

Livro dos Espíritos

Questão 258.a) Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?

Resp.: Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem.

Questão 259. Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e buscamos?

Resp.: Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, consequências das vossas próprias ações (…).

Percebe-se, claramente, o dueto entre ESCOLHA/CONSEQUÊNCIA, o que equivale a nossa CAUSA/EFEITO.

Livro O Céu e o Inferno

1ª Parte – Capítulo I, item 10) (…) Segundo os princípios de justiça, as almas devem ter a responsabilidade dos seus atos, mas para haver essa responsabilidade, preciso é que elas sejam livres na escolha do bem e do mal; sem o livre-arbítrio há fatalidade, e com a fatalidade não coexistiria a responsabilidade.

1ª Parte – Capítulo I, item 20) (…) O bem e o mal são praticados em virtude do livre-arbítrio, e, consequentemente, sem que o Espírito seja fatalmente impelido para um ou outro sentido. Persistindo no mal, sofrerá as consequências por tanto tempo quanto durar a persistência, do mesmo modo que, dando um passo para o bem, sente imediatamente benéficos efeitos.

Aqui temos a introdução do conceito-chave para a aplicação da Lei de Causa e Efeito, o Livre-Arbítrio, ferramenta indispensável à perfeita compreensão do nosso papel no universo, situando-nos como coautores da VIDA.

O Livre-Arbítrio é o móvel de nossas ações, desenvolve-se juntamente com nossa evolução, na medida em que as luzes do saber são acesas por nossa alma, facultando-nos a liberdade da ESCOLHA (AÇÃO) com o compromisso inalienável de recebermos as CONSEQUÊNCIAS (EFEITO).

Evangelho Segundo o Espiritismo

Capítulo V – Causas atuais das aflições

  1. De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

(…) Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.

Novamente, observamos os Espíritos da Codificação nos alertando quanto à natureza de nossas escolhas, para que pensemos bem no que fazemos, posto que as consequência advindas desse ato serão intransferíveis e irrevogáveis.

A Gênese

Capítulo III – O bem e o mal/Origem do bem e do mal

6. Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades (…)

(…) Se o homem se conformasse rigorosamente com as Leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as consequências do seu proceder.

Enfim, não poderia ser mais clara a inferência a Lei de Causa e Efeito: Se assim procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as consequências do seu proceder.

Ainda há muitos outros exemplos nas obras da Codificação que sustentam e alimentam a ideia da Lei de Causa e Efeito, de forma que sua essência nasce, de fato, do pensamento espírita.

Contudo, há outras correntes filosóficas que buscam compartilhar do entendimento do binômio Causa/Efeito de outra forma.

É o caso da mais antiga norma jurídica já observada, o Código de Hamurabi, também chamada de Lei de Talião ou Pena de Talião, datado de 1770 a.C., escrito pelo rei da Babilônia que dá nome a lei.

A aplicação da norma consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. A perspectiva da Lei de Talião é o de que uma pessoa que feriu outra pessoa deve ser penalizada em grau semelhante, e a pessoa que infligir tal punição deve ser a parte lesada.

Por isso ficou historicamente conhecida pela máxima: Olho por Olho, Dente por Dente.

Outra visão filosófica que guarda semelhança à Lei de Causa e Efeito é a noção do Karma nas religiões indianas, como o Budismo e o Hinduísmo.

Para os adeptos dessas religiões, o karma é uma espécie de lei universal de causa e efeito. Ele dita que toda ação tem consequências futuras, que dependem de sua natureza e se manifestarão na próxima reencarnação. “De forma mais simples, uma boa ação leva a bons resultados e uma má ação a maus resultados”.

Enfim, independentemente da profundidade ou beleza filosófica escondida por trás do conceito da Lei de Causa e Efeito, temos uma certeza:

  1. Fundamenta-se no poder da Escolha – Livre-Arbítrio;
  2. Produz Consequências (Plantio livre, Colheita obrigatória – lembram?);
  3. Essas podem ser boas ou más (Aprendizado).

A correta interpretação desse preceito faz com que ideias que já alimentamos, e que muitos ainda alimentam, deixem de fazer sentido, como, por exemplo, a crença de que Deus nos pune por nossas atitudes, que há “filhos diletos” de Deus, ou coisa parecida!

A Lei de Causa e Efeito nos situa como responsáveis pelos atos praticados, conferindo a nós os méritos pelos acertos e os deméritos pelos equívocos. Nos mostra que tudo é aprendizado, que a dor pode ser o bendito móvel que nos incitará a fazermos melhores escolhas.

É a noção clara de que NÓS somos responsáveis por nossas dores e alegrias, e somos NÓS quem escreve nosso destino.

Caso queira ver um pouco mais desse assunto, assista a palestra em nosso canal do Youtube (anjoismaelmidias): Nosso Destino Frente a Lei de Causa e Efeito .

 

Por: Fábio Campos

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